sexta-feira, 23 de novembro de 2012

QUALIDADE DE VIDA

Uma visão sistêmica


Por isso vos digo: Não andeis ansiosos por vossas vidas, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir, não é a VIDA mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes?

Observai as aves do céu; não semeiam, não colhem, não ajuntam em celeiros; contudo vosso Pai celeste as sustenta. Porventura não valeis vós muito mais do que as aves?  (Mt. 6:25-26)


Meu objetivo com este tema é fazer uma reflexão sobre a qualidade de vida dentro de uma visão sistêmica,  priorizando a responsabilidade de cada um de nós dentro do universo em que vivemos.

Hoje, ao ligarmos a televisão, somos inundados com reportagens de violências, onde a vida tornou-se banal,  ceifar uma vida humana  é como   pisarmos e matarmos uma asquerosa  barata.  Não tem valor algum, as pessoas trabalham, não para viver e sim para sobreviver, com o mínimo necessário para a sua subsistência e de seus familiares.  As empresas se aproveitam  de tal  circunstância  exigindo  cada vez mais e dando um retorno cada vez menor, pois a competitividade por uma vaga no mercado de trabalho esta  muito acirrada e as pessoas  aceitam o que aparece sem questionar o preço que terão que pagar,  mesmo que na maioria das vezes  o preço é a própria vida. 

Vivemos num mundo extremamente consumista, num mundo onde as pessoas estão perdendo a esperança em relação a vida e principalmente  em relação ao  ser  humano.  Consumir  torna-se a válvula de escape para satisfazer o ego e se sentir  inserido  num meio onde o ter é valorizado, o ser é um mero acaso. A carência humana esta sendo suprida por bens de consumo.

Posso dizer que já me deixei cair nesta roda viva e ainda hoje pago o preço por isso. Na época sentia-me como se estivesse atolada em uma  areia movediça, que quanto mais me debatia para sair mais me afundava.  

A tomada de consciência demorou um certo tempo, mas felizmente ocorreu. Estou conseguindo sair, de forma lenta e gradativa. Para isso foi necessário uma conscientização de que a vida é simples e curta.

O viver bem exige mais uma mudança de paradigma e libertação de apegos, principalmente de acúmulos de bens de consumo
.  Não preciso de um carro luxuoso, equipado com x, y e z da ultima geração. Eu preciso de um meio de transporte que me leve onde for necessário.  Não preciso da bolsa e calçado que custa quase um mês de salário, necessito de uma simples valise que  consegue  guardar  meus documentos e/ou alguns objetos pessoais de  real necessidade, de um calçado que proteja meus pés.

Não é a marca que propago que me torna melhor, mas sim a minha disponibilidade as necessidades dos que me são caros, meus pais, filhos, amigos, em fim as pessoas, o ser humano.

Qualidade de vida é saber VIVER com menos num mundo que preconiza o mais. É saber usar nossos sentidos, é saber observar a natureza,  a harmonia do universo. 



É ter a consciência que somos apenas uma partícula, mas que se destoarmos do conjunto somos capazes de desorganizar o ecossistema em que vivemos e causar um verdadeiro caos em nosso ambiente, seja ele pessoal, familiar e até mesmo social. Mesmo sendo uma minúscula partícula podemos funcionar como aquela peça de dominó que ao cair descarrila todo o conjunto.  Posso aparentemente não ser nada, mas minhas atitudes podem representar vida ou morte, não só a mim, mas a todo o sistema a que pertenço.

Qualidade de vida é respeitar meus limites e os limites do meu próximo, é respeitar a natureza e principalmente cuidar do ambiente, do ecossistema em que vivemos, é saber viver em harmonia tendo a consciência da minha importância sem a necessidade de lesar meu próximo, para impor o meu poder.

Fotos:- Sueli Mozeika



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ILUSÕES

DEFORMAÇÃO DA REALIDADE OU REALIDADE DEFORMADA?


Num mundo globalizado, onde se apregoa a liberdade de expressão, onde se observa um incentivo a criatividade, o que me deixa mais surpresa e intrigada é que tudo isso não passa de uma farsa muito bem elaborada para a manipulação das massas.

Quando li, há algum tempo atrás, uma súmula sobre a Caverna de Platão tive a certeza das dificuldades que temos para enfrentarmos as mudanças, abandonarmos os antigos conceitos e crenças e nos embrenharmos em novas aventuras para o nosso desenvolvimento pessoal e criativo. Existe uma grande tendência natural de nos acomodarmos em nossa zona de conforto e aceitarmos a papinha diária, deixando-nos enganar como se fosse um alimento nutritivo.

O impacto maior, confirmando esta triste realidade, foi quando terminei de ler “A Caverna” de Jose Saramago. Durante toda a leitura me senti incomodada com a descrição do autor de um assunto tão atual, onde somos peças descartáveis quando não atendemos as necessidades de um grupo dominante, inescrupuloso e manipulador, onde o poder vem disfarçado de um protecionismo e nos brindam como a “pílula cor de rosa”, que quando ingerida nos será concedida “a felicidade eterna”, só que quando acordamos, nos vemos presos numa teia, sendo engolidos.




Não é de estranhar que mesmo diante de tantas inovações tecnológicas, de tanto incentivo ao desenvolvimento pessoal e profissional o mundo esta adoecendo a vistas grossas e o sentimento de vazio e solidão é cada vez maior.

A manipulação publicitária, através dos diversos meios de comunicação, nos inundam com informações subliminares nos incutindo condutas e valores, na maioria das vezes distorcidos, nos prometem liberdade, quando na verdade nos aprisionam. O mais triste de tudo isso é que nos tornamos cegos e insensíveis. A vida, o ser se torna banal. A satisfação real fica nas mãos dos que nos comandam como se fossemos um brinquedinho de controle remoto, nos direcionando de acordo com suas necessidades egoísticas.




A cobrança é cada vez maior, o retorno, cada vez menor, ou impossível de ser desfrutado. Os que são capazes de enxergar, os sensíveis são tidos como seres anômalos e marginalizados, são um risco para os comandantes de uma sociedade adestrada.  



Quando nos revoltamos e demonstramos nossa impotência diante de tamanha máquina destrutiva somos tachados de depressivos, afinal o mundo é assim, vocês têm que se adaptar, subentendendo, mantenham-se na sua zona de conforto, alegrem-se em sendo vorazes consumistas.

Conduta fácil para os adestrados mas, depois que os olhos se abrem, é difícil apagar a memória, mas o mais difícil, ainda, é encontrar um caminho para manifestar a revolta.




Há os que tentam através de suas obras literárias ou artísticas, mas a mente dos adestrados não conseguem atingir o entendimento e enquanto isso vamos continuar pagando caro os ingressos para visitarmos a Caverna de Platão e nos deparamos com nossa própria imagem refletida no espelho e não reconhecermos a nossa própria imagem.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A ARTE DA NATUREZA

ESCULTURAS ARTÍSTICAS


 Na grande maioria das vezes nosso olhar vagueia pelo espaço e não conseguimos enxergar o mundo ao nosso redor. Isto ocorre principalmente quando nossa mente esta focalizada em um pensamento especifico, num problema pessoal ou uma tarefa a resolver.  Nossa visão só enxerga o nosso foco interior, uma imagem simbólica que toma todo o nosso campo visual e emocional.  Isto é muito triste porque limitamos nosso mundo com cenas imaginárias que nos desgastam e estressam.

Para fugir deste mundo claustrofóbico e opressor costumo me refugiar nos parques de São Paulo. Neste ultimo final de semana fui dar uma voltinha no Jardim Botânico, local que frequento sempre que posso. Faço minhas caminhadas pelas trilhas tradicionais e o interessante que cada vez que lá visito o panorama é diferente, a vegetação muda de acordo com a estação do ano. Uma verdadeira lição de mudanças e transformação que a natureza esta sujeita e faz suas adaptações, assim como deveríamos também aprender aceitar as mudanças e transformações que ocorrem em nossa vida. 


Desta vez não tinha muitas flores, mas uma árvore em particular me chamou a atenção, por sua postura altiva e esbelta, esperando ser vista e admirada por sua beleza e exuberância. Quando a avistei meus olhos se encantaram, mais parecia uma escultura moldada pelo tempo.



Os sentimentos foram variados, desde encanto, sensualidade, força e a vitória sobre as intempéries e desgastes do tempo, além é claro de dar margem a imaginação e fantasias, através da visualização de detalhes.


Talvez através das fotos eu não consiga transmitir todas as emoções que me tomaram de momento, mas espero que tenham apenas uma idéia do quanto a natureza nos brinda com seus dotes artísticos que nossa vida voltada no ter, deixa de saborear as belezas do ser.



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

INGREDIENTES DO SUCESSO

CRIATIVIDADE E OUSADIA

Depois de um longo tempo distante, cá estou, novamente. Não há desculpas para ausência, embora a coceirinha para uma ou várias não falte. Talvez o próprio assunto que estou tentando discorrer já seja uma justificativa. Um tema que tem me cutucado e incomodado ultimamente é criatividade e ousadia.

Tenho me questionado e até com uma certa freqüência, o porque alguns lançam vôo tão alto e com tamanha facilidade, enquanto outros vivem dando volta


no percurso e não emplacam, dão volta em círculos e não saem do lugar.

Uns dizem que é talento, outros é sorte, outros que ele estava no lugar certo e no momento certo e soube aproveitara a oportunidade. Qual é o argumento correto? Todos, nenhum ou uma mistura deles? Vejo pessoas com talento e que batalham por um lugar ao sol e se mantém continuamente na sombra, como que invisíveis. Outros sem talento algum aparecem do nada como que fabricados de um dia para o outro e já no topo do sucesso. Neste ultimo caso, fico me perguntando, isto é sorte? Aparentemente sim.


Ontem passei por uma experiência que aguçou mais ainda este espinho em minha carne. Fui visitar a Estação Pinacoteca e a Pinacoteca de São Paulo. Não vou exatamente falar sobre arte porque me sinto analfabeta no assunto e também é um tema muito subjetivo, algo que para uns pode parecer banalidade , algo sem nexo, para outros é rico em simbolismo e profundidade, para o autor da obra pode ter um significado muito importante e até mesmo um aspecto representativo de seu inconsciente.

Durante todo o meu passeio cultural fiquei me perguntando, o que realmente é arte, se fosse eu o autor de determinada obra teria coragem de expô-la ao público? Como nasce um artista? Não vou responder a nenhuma das minhas perguntas, mas a única explicação que consegui dar a mim mesma foi o conhecimento, a capacidade de ser ousado aliados a criatividade, embora é claro que existem artista previamente fabricados para "emburrecer" a mente pensante e facilitar o domínio, como os BBBs da vida, o assassinato da Música Popular Brasileira que um dia teve seu destaque e poder e por isso mesmo considerada perigosa e alvo de perseguições e naturalmente, digna de morte para os "poderosos" assumirem suas posições de controle e domínio.


Vejo pessoas com talento mas tímidas e inseguras em expor suas obras e até mesmo em ousar em algo mais radical, pois suas crenças estão enraizadas em conceitos e preconceitos, fato este que dificulta a expansão da criatividade.

O conhecimento também é indispensável uma vez que a arte segue tendências sociais, culturais e políticas. Vou exemplificar com uma experiência pessoal. Sou amante da fotografia, mas ainda engatinhando no conhecimento e já fiz muitas vezes o questionamento acima referido. No, meu olhar vejo fotos que para mim são bem feitas e nítidas e que para artistas fotográficos não passam de fotos banais, "fofas", como já ouvi falar, ou comuns, como "fotos do aniversário da priminha". São fotos que não têm impacto emocional, não atinge o sentimento, o significado inconsciente, não contam a história de uma tendência cultural, social ou política, apesar de em alguns casos mostrar tendências da moda ou algum outro fator cultural do momento, mas de uma forma mais expositiva do que representativa e/ou emocional.


Podemos transpor esta experiência a qualquer área profissional. Conheço pessoas inteligentes, dedicadas em sua área de atuação, porém se retraem diante da possibilidade de ousarem ou recalcam a expressão da criatividade por insegurança da não aceitação ou por comodismo, uma vez que exercer a criatividade exige conhecimento contínuo da área, trabalho mental e tempo e esses dois últimos itens abolidos na "sociedade fast", onde tudo vem pronto.

Se quisermos nos destacar e sermos valorizados naquilo que realizamos devemos sair da nossa zona de conforto, abandonarmos o comodismo e nos arriscarmos sem medo de críticas e eventuais fracasso, pois são exatamente o enfrentamento destes entraves que nos torna cada dia mais fortes diante das adversidades. Tenho observado que a cada dia que passa as pessoas se mostram mais impotentes e com falta de capacidade de adaptação frente as adversidades (resiliência), se mostram mais frágeis e temerosas de enfrentarem a vida, curvam-se diante dos obstáculos e vivem buscando escoras para se manterem em pé. Não sabem aceitar críticas e "nãos", se colocam como vítimas, sempre é o outro que nos ataca, quando na verdade somos nós que damos a oportunidade do outro nos atacar. Não podemos nos esquecer que não existe algoz sem a pré existência da vítima.


Todos temos, vez ou outra, nossos momentos de acomodação, mas o que não podemos deixar é que estes momentos sejam mais comuns que os de reflexão e ação. Reclamar não adianta, atacar o outro porque não entendemos seu ponto de vista ou por ele nos mostra o nosso medo e comodismo, isso só nos faz sermos cada dia mais inseguros e amargos.

Quando me deparo com situações como as de ontem, sinto-me triste, comigo mesmo, mas ao mesmo tempo é como se estivesse recebendo um remédio amargo que vai restaurar a minha vitalidade. São essas doses contínuas deste medicamento que vão me manter cada dia mais revitalizada.


Como disse, cada um tem um olhar e um sentir próprio, individual. As fotos que postei nos entremeios desta minha conversa são fotos onde procurei exercitar um olhar não habitual e que pudesse causar algum sentimento ou insight, tanto a mim quanto aos observadores, sei que ainda preciso caminhar muito, estou tentando dar meus primeiros passos, nesta nova caminhada. Comentários e críticas construtivas são bem aceitas.