segunda-feira, 15 de novembro de 2010

LIÇÕES DA MÃE NATUREZA





Engraçado como são as coisas. Estava estressada com a correria do dia a dia. Reservei uns dias para descansar e renovar minhas energias. No inicio foi difícil, não conseguia desligar, sentia como se estivesse perdendo o controle de mim mesma, perdia-me nas coisas simples. Confesso que fiquei assustada, achando que estava perdendo minhas faculdades mentais. Só por volta do quinto, sexto dia comecei a relaxar e aproveitar a viajem. Tudo começou a parecer mais leve e suave. As paisagens passaram a ganhar cor, as pessoas mais vida, quer dizer, eu passei a sentir a vida.

Aproveitei então o momento, para refletir sobre o estilo de vida que nos impomos a viver. Uma dualidade muito conflitante. Tive oportunidade conhecer pessoas que venderam tudo o que tinham, abandonaram empregos estáveis e vieram montar pousadas e restaurantes numa vilazinha distante de tudo aquilo que é considerado necessidades básicas, para nós, dos grandes centros.

Um local onde só tem uma escola fundamental, para se chegar a um simples centro de saúde tem-se que caminhar muito. O sistema de transporte é deficitário, a carroça e o jegue é a condução dos menos favorecidos, assim como a bicicleta, carros só com tração nas quatro rodas para atravessar o mar de areia, para os que já conseguiram se diferenciar da média da população.

São aventureiros? Corajosos? Ou nós é que somos covardes e/ou apegados ao conforto e consumismo da cidade grande? Somos ambiciosos, invejosos? Somos o que? Fiquei me questionando a respeito. Admirada por tal coragem e desprendimento dos imigrantes e triste por participar de uma comunidade consumista que rouba a nossa vida a troco de uma roupa de grife, uma casa maior, que vai exigir mais em manutenção e cuidados diários e consequentemente nossa energia física e mental para mantermos tais objetos de desejo.

Engraçado, este assunto passou a ter um espaço em minha mente, apesar de ser incomodativo. Ontem fui fazer um passeio fotográfico no Parque Ecológico do Tiete, localizado na zona leste da cidade de São Paulo, divisa com o Município de Guarulhos. Frequentado predominantemente pela população da região. O que presenciei veio bater de frente com o tema que vem me incomodando ultimamente.

Encontrei pessoas de todas as idades, diversos níveis sociais, celebrando a vida. As crianças soltas, correndo, brincando, os jovens jogando futebol, andando de pedalinho, bicicleta, namorando. O tradicional trenzinho que faz uma volta ao longo da trilha das águas, dá a tradicional paradinha na ilha dos macacos para as fotos de família e dos macacos, também, não podia faltar. Todos que nele passeiam mostram a felicidade estampada no rosto.

No parque pode-se ver que se precisa de muito pouco para ser feliz, basta apenas disposição, desprender-se do adulto e deixar a criança interior sair e desfrutar a natureza, que é a nossa mãe. Basta observar a natureza, os animais, as criança e vamos receber a maior lição de vida.
Para nós adultos já contaminados pelas cracas incrustadas em nossas mentes, parece difícil. Vou usar o exemplo do próprio parque que foi construído ao lado de um rio extremamente poluído e que hoje tem um inestimável valor em nosso ecossistema (para saber mais acesse: http://www.ecotiete.com.br/ ). Ele tem colaborando para a preservação da fauna e flora, da região, tem contribuído para evitar enchentes e trazendo inesquecíveis momentos de lazer.

Basta estarmos abertos para as mudanças e nos despirmos das cracas que estaremos nos despoluindo das crenças que nos limitam. Este assunto não termina aqui, tem muitos capítulos em nossas vidas. Vamos pensar melhor sobre ele e proporcionar tanto a nós como aos que nos são caros, uma vida melhor.

Sueli Mozeika