Uma visão sistêmica
Observai as aves do céu; não semeiam, não colhem, não ajuntam em celeiros; contudo vosso Pai celeste as sustenta. Porventura não valeis vós muito mais do que as aves? (Mt. 6:25-26)
Meu objetivo com este tema é
fazer uma reflexão sobre a qualidade de vida dentro de uma visão
sistêmica, priorizando a responsabilidade
de cada um de nós dentro do universo em que vivemos.
Hoje, ao ligarmos a televisão, somos
inundados com reportagens de violências, onde a vida tornou-se banal, ceifar uma vida humana é como pisarmos e matarmos uma asquerosa barata.
Não tem valor algum, as pessoas trabalham, não para viver e sim
para sobreviver, com o mínimo necessário para a sua subsistência e de seus
familiares. As empresas se aproveitam de tal
circunstância exigindo cada vez mais e dando um retorno cada vez
menor, pois a competitividade por uma vaga no mercado de trabalho esta muito acirrada e as pessoas aceitam o que aparece sem questionar o preço
que terão que pagar, mesmo que na
maioria das vezes o preço é a própria vida.
Vivemos num mundo extremamente
consumista, num mundo onde as pessoas estão perdendo a esperança em relação a
vida e principalmente em relação ao ser humano.
Consumir
torna-se a válvula de escape para satisfazer o ego e se sentir inserido
num meio onde o ter é valorizado, o ser é um mero acaso. A carência
humana esta sendo suprida por bens de consumo.
Posso dizer que já me deixei cair nesta roda viva e ainda hoje pago o preço por isso. Na época sentia-me como se estivesse atolada em uma areia movediça, que quanto mais me debatia para sair mais me afundava.
A tomada de consciência demorou um certo tempo, mas felizmente ocorreu. Estou conseguindo sair, de forma lenta e gradativa. Para isso foi necessário uma conscientização de que a vida é simples e curta.
O viver bem exige mais uma mudança de paradigma e libertação de apegos, principalmente de acúmulos de bens de consumo
. Não preciso de um carro luxuoso, equipado com
x, y e z da ultima geração. Eu preciso de um meio de transporte que me leve
onde for necessário. Não preciso da
bolsa e calçado que custa quase um mês de salário, necessito de uma simples valise
que consegue guardar
meus documentos e/ou alguns objetos pessoais de real necessidade, de um calçado que proteja
meus pés.
Não é a marca que propago que
me torna melhor, mas sim a minha disponibilidade as necessidades dos que me são
caros, meus pais, filhos, amigos, em fim as pessoas, o ser humano.
Qualidade de vida é saber VIVER com menos num mundo que preconiza o mais. É saber usar nossos sentidos, é saber observar a natureza, a harmonia do universo.
É ter a consciência que somos apenas uma partícula, mas que se
destoarmos do conjunto somos capazes de desorganizar o ecossistema em que
vivemos e causar um verdadeiro caos em nosso ambiente, seja ele pessoal,
familiar e até mesmo social. Mesmo sendo uma minúscula partícula podemos funcionar
como aquela peça de dominó que ao cair descarrila todo o conjunto. Posso aparentemente não ser nada, mas minhas
atitudes podem representar vida ou morte, não só a mim, mas a todo o sistema a
que pertenço.
Qualidade de vida é respeitar
meus limites e os limites do meu próximo, é respeitar a natureza e
principalmente cuidar do ambiente, do ecossistema em que vivemos, é saber viver
em harmonia tendo a consciência da minha importância sem a necessidade de lesar
meu próximo, para impor o meu poder.
Fotos:- Sueli Mozeika |