sexta-feira, 5 de março de 2010

TEMPOS MODERNOS II

LIBERDADE X ROBOTIZAÇÃO

No artigo anterior falei a respeito das crenças como um fator limitador no crescimento interior. Hoje meu olhar esta voltado para as regras e disciplinas a que estamos sujeitos que nos limitam, aprisionam e nos robotizam. Este tema, de certa forma, já estava selecionado para dar continuidade a este trabalho, mas nestas ultimas semanas, participei de dois eventos que só vieram corroborar com minha visão a respeito de estarmos vivendo um engessamento cultural e intelectual.

Assisti a um debate sobre o filme SICKO $0$ Saúde, de Michel Moore e uma aula introdutória sobre os pensamentos de Michael Foucault. É muito triste percebermos que somos enganados, manipulados de uma forma descarada e não nos damos conta.

Retomando a entrevista do Djurs, em determinado momento ele cita sobre qualidade total “... , quando o ideal se transforma na condição para obter uma certificação, o que acontece é que se está a obrigar toda a gente a dissimular o que realmente se passa no trabalho. Deixa de ser possível falar do que não funciona, das dificuldades encontradas. Quando há um incidente numa central nuclear, o melhor é não dizer nada”.

Fala também do protocolo médico, o quanto os médicos podem ser retaliados se não seguirem um determinado protocolo de uma determinada doença, mesmo sabendo que tal protocolo não é adequado para aquele paciente em particular. Não é respeitada a individualidade do paciente, afinal, somos robôs, máquinas feitas em linha de montagem. De acordo com Foucault a humanidade vive enquadrada a determinados discursos e quando não nos adaptamos a eles somos segregados. No desligamento das empresas ou nas entrevistas para empregos é muito comum ouvirmos a célebre frase “você não tem perfil para o cargo”. Nos plano médicos, a sua “doença não dá cobertura”, e daí por diante.

O mais interessante disso tudo é a nossa necessidade de nos sentirmos enquadrados, ou “engessados” a estes discursos, muitas vezes absurdos, mas já prontos e estabelecidos, cômodos, que nos economizam a energia do pensamento e da criatividade. Torna-se honeroso ir de encontro a tais princípios, mesmo sabendo que os mesmos nos adoecem, mas temos a garantia da aceitação pública, mesmo que os atos impostos sejam contra as normas éticas e morais, como as que vivemos hoje, onde o enquadramento é ser corrupto, antiético e tirar vantagem em tudo, mesmo que eu esteja prejudicando o meu próximo.

Vem então a pergunta: o que é liberdade? Para responder a esta pergunta cito um dos meus artigos anterior, A inversão de valores: Um câncer universal? Nele, discurso sobre a ética, que “Como ciência, estabelece metodologias para a discussão acerca do agir humano, tendo presente princípios morais que se tornam fundamentais porque responde a necessidade de preservação do homem como indivíduo pertencente a essa grande família universal, que é a humanidade”. (Drumond, 2005).

Podemos deduzir então que liberdade é eu poder pensar e agir independente do outro, desde que respeite os princípios morais que preservam o homem e consequentemente a humanidade, isto é desde que eu não seja uma célula cancerosa.

Este assunto é muito extenso e polemico, mas acho que esta introdução já é suficiente para refletirmos a respeito de como agimos e pensamos ou se nos deixamos levar pelo agir e pensar do outro.

Uma boa reflexão a todos.

SM

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