domingo, 12 de junho de 2011

APRENDENDO COM A MÃE NATUREZA

A invasão da selva de pedras nos afastou das belezas naturais que nos foi confiada por Deus, e isto nos privou de aprendermos a importância de conservarmos o ecossistema e principalmente de aprendermos a lição de vida que a mãe natureza nos ensina, dia a dia, de forma bela e graciosa ou através de sua revanche cheia de fúria e destruição, quando a desrespeitamos.

Quando criança tive o privilégio de manter um freqüente contato com a natureza, apesar de ter nascido e ser criada numa região urbana de São Paulo, mas numa época em que não existia asfalto. Brincava descalço na rua de terra, na chuva, subia em árvores num período em que a maioria dos quintais possuíam, pelo menos uma, nem que fosse um mirrado pé de limão.Não posso me esquecer da criação de galinhas, com seus pintainhos correndo ao redor de meus pés. É claro que não podia faltar o cachorro, o famoso vira lata, que comia os restos de comida, principalmente osso de galinha e dificilmente tomava uma vacina. Banho só no verão de mangueira e com sabão em pedra de lavar roupa. Esse dia era uma festa e o bichinho morria de velho, ou atropelado quando começaram a asfaltar as ruas e o número de carros começou a aumentar e passaram a correrem em maior velocidade.

Nas noites de verão corria atrás dos siriris e vagalumes. Adorava caçar grilos, de todos os tamanhos e quando conseguia um gafanhoto era uma festa. As borboletas eram abundantes, de todas as cores e tamanhos, que visitavam as casas repletas de flores nos jardins. Ouvir o canto dos grilos e sapos a noite era como uma canção de ninar.

Meu pai, que quando criança gostava de pescar no rio Tamanduateí e no Tiete, teve que buscar outros rumos quando adulto, uma vez que o crescimento industrial na região do ABC e grande São Paulo começaram a poluir os rios e acabaram com os peixes. Felizmente ainda restavam as represas de Guarapiranga e Bilings com a Mata Atlântica exuberante. Brincar na beira da represa, correr no meio da mata, voltar toda molhada e cheia de lama era muito divertido. É claro que nessa época não prestava muita atenção as flores, aos pássaros e insetos que abundavam a região, mas tudo isso fazia parte da minha vida. Era como o oxigênio que respiramos e não notamos sua presença mas que mantêm a nossa vida fluindo.

O tempo foi passando, fui crescendo e entrando no ritmo alucinante da cidade grandes e me distanciando da mãe natureza. Não me sobrava tempo nem de pensar ou lembrar da importância que ela teve em minha vida. A medida que entrava cada vez mais na roda viva do mundo consumista, da necessidade de acompanhar a evolução as tendências, fui percebendo que estava “me” consumindo, que por mais que tentasse chegar a algum lugar ele ficava mais distante, por mais que corresse só me desgastava cada vez mais e não chegava a lugar algum.

O ser humano não mede esforços para chegar a um topo que nunca chega, pois este topo é como a cenoura que vai a frente do burro para ele continuar caminhando. O ser humano rouba e mata por prazer, pois precisa sentir a adrenalina correndo nas veias, enquanto o animal ataca para se defender ou para se alimentar, portanto para a sua subsistência. Homens matam suas esposas ou namoradas porque pegam no pé, mães jogam seus bebes recém nascidos nos lagos ou latas de lixo. Isto me faz lembrar a minha cachorra que mordeu um menino que estava pulando próximo de sua cria. Filhos matam pais quando recebem um “não”.

Em contra partida tenho observado que uma minoria vem tentando resgatar um tempo perdido, que foi esfacelado e contaminado pela ganância de um ser insaciável. Fico feliz quando visito praças e parques e me deparo com pássaros ciscando na grama, ou comendo frutas que estão sendo plantadas para lhes dar boas vindas. Fico feliz quando vejo pássaros comuns da Mata Atlântica visitando os lagos de nossas praças, bem como alguns animais também. Espero que estes sinais sejam sinais de uma luz no fim do túnel.

Minha esperança é que um dia essa minoria consiga a se tornar a maioria e que o ser humano, o que se vangloria por ser o único animal racional, venha a se dar conta que tudo na natureza tem sua importância e que se faz necessário o devido cuidado e respeito para que o mundo siga sua trajetória em harmonia.

Gostaria de terminar com um trecho do Sermão da Montanha (Mt 6:25-33) para nossa reflexão.

25 Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
27 Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
28 E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam;

29 contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.
30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?

31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?

32 (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
33 Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.



Um lembrete:- fazemos parte de um ecossistema, se quebrarmos um elo tudo o mais será rompido.




Sueli Mozeika

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A LONGA JORNADA...

Caminhando, caminhando...

Pra onde? Pergunto-me constantemente.
Correndo atrás do vento? Buscando o que?
Talvez um sonho, uma luz, um alento?
Não sei responder, mas sei que continuo caminhando...
Assim me ensinaram uma vez,
Nunca parar,
Seguir sempre em frente...
Superar obstáculos.

Se cair levantar e continuar
Mas pra que? Pergunto-me...
Não encontro respostas.
Continuo a caminhar, mesmo depois de muito tempo...
Meus pés já cansados, mãos doloridas, sem vida...
Continuo caminhando...
Sempre em frente, sem parar...
Onde vou chegar? O que vou encontrar?
Sempre me perguntando, sempre sem respostas.
Mas sigo em frente, me mandaram caminhar...


Certo dia, já cansada, sem forças,
Paro, é noite. Nada vejo, é tudo escuro.
Nada vejo, mas eu sinto.
O cansaço, a solidão, a falta do chão, da raiz.
Por que tudo o que fiz, foi só caminhar.
Seguindo em frente, sempre seguindo...
Sem notar o tempo passar.
Sem tempo para amar, nem mesmo chorar...

Seguindo sempre em frente...
Quando já sem forças para caminhar,
Sem forças para continuar, me pergunto...
E agora, o que me resta?
O que fazer com tudo isso? Ou melhor, com nada disso?
Na longa jornada, nada conquistei.
Só dor, cansaço e enfado.
Hoje na escuridão da noite, enxergo.
Tudo o que não via, na luz do dia.



Quem me dera ter a oportunidade de retroceder,
De poder viver a simplicidade ao meu redor,
De brincar, correr e sentir
Não fugir, nem me esconder atrás de poder e riquezas,
Ter um verdadeiro encontro com a natureza,
Com a verdadeira beleza que desabrocha independente do homem,
Mas que sofre e morre por causa do homem.



Devo ainda continuar? Correndo atrás do vento,
Ou paro ao relento? Observo as estrelas?
Sinto o perfume das flores?
Ouço a orquestra afinada dos
Pássaros executando uma canção de amor e agradecimento?



Olho para trás. Percebo, então, o quanto perdi em caminhar só em frente...
Será que ainda me resta algum tempo?
Um momento se quer de poder olhar e enxergar
Que tudo esta ao meu lado, sem precisar mais caminhar,
De poder desfrutar o verdadeiro amor.
O amor pela vida, o amor por mim mesma,
O amor pelo meu próximo?
Cansei de caminhar, só me resta agora descansar,
Sentir e amar...


Sueli Mozeika