A invasão da selva de pedras nos afastou das belezas naturais que nos foi confiada por Deus, e isto nos privou de aprendermos a importância de conservarmos o ecossistema e principalmente de aprendermos a lição de vida que a mãe natureza nos ensina, dia a dia, de forma bela e graciosa ou através de sua revanche cheia de fúria e destruição, quando a desrespeitamos.
Nas noites de verão corria atrás dos siriris e vagalumes. Adorava caçar grilos, de todos os tamanhos e quando conseguia um gafanhoto era uma festa. As borboletas eram abundantes, de todas as cores e tamanhos, que visitavam as casas repletas de flores nos jardins. Ouvir o canto dos grilos e sapos a noite era como uma canção de ninar. Meu pai, que quando criança gostava de pescar no rio Tamanduateí e no Tiete, teve que buscar outros rumos quando adulto, uma vez que o crescimento industrial na região do ABC e grande São Paulo começaram a poluir os rios e acabaram com os peixes. Felizmente ainda restavam as represas de Guarapiranga e Bilings com a Mata Atlântica exuberante. Brincar na beira da represa, correr no meio da mata, voltar toda molhada e cheia de lama era muito divertido. É claro que nessa época não prestava muita atenção as flores, aos pássaros e insetos que abundavam a região, mas tudo isso fazia parte da minha vida. Era como o oxigênio que respiramos e não notamos sua presença mas que mantêm a nossa vida fluindo.
O tempo foi passando, fui crescendo e entrando no ritmo alucinante da cidade grandes e me distanciando da mãe natureza. Não me sobrava tempo nem de pensar ou lembrar da importância que ela teve em minha vida. A medida que entrava cada vez mais na roda viva do mundo consumista, da necessidade de acompanhar a evolução as tendências, fui percebendo que estava “me” consumindo, que por mais que tentasse chegar a algum lugar ele ficava mais distante, por mais que corresse só me desgastava cada vez mais e não chegava a lugar algum.
Minha esperança é que um dia essa minoria consiga a se tornar a maioria e que o ser humano, o que se vangloria por ser o único animal racional, venha a se dar conta que tudo na natureza tem sua importância e que se faz necessário o devido cuidado e respeito para que o mundo siga sua trajetória em harmonia.
Gostaria de terminar com um trecho do Sermão da Montanha (Mt 6:25-33) para nossa reflexão.25 Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
27 Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
28 E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam;
30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?32 (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
33 Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Um lembrete:- fazemos parte de um ecossistema, se quebrarmos um elo tudo o mais será rompido.
Sueli Mozeika
